Após muitos anos voltei à Biblioteca Pública de Porto Alegre, uma das edificações mais bonitas da capital gaúcha. O prédio, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Estadual e Nacional, possui grande acervo e importantes documentos que preservam a história do Rio Grande do Sul. Nos meus tempos de adolescente, estudando no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, visitava com frequência a biblioteca. Houve muita deterioração do interior da construção com o ar dos anos. Apesar da recuperação da bela fachada e do restauro dos murais das paredes ao lado da escada que dá o ao segundo piso, muito trabalho tem que ser realizado. No térreo os murais estão em péssimo estado de conservação, bem como o maravilhoso conjunto artístico e arquitetônico das salas Mourisca e Egípcia do segundo andar.
Observando as poucas pessoas presentes, pensei na enorme diferença de costumes que ocorreram. Na década de 1960 o conhecimento era adquirido quase que exclusivamente pela consulta aos livros. O rádio era o principal meio de comunicação, a televisão estava no início e os jornais eram s a uma parcela da população. O tempo parecia ar mais devagar. Atualmente, com o advento do computador, dos celulares, dos milhares de aplicativos e das redes sociais, o tempo voa e a paciência inexiste. Os áudios e vídeos com mais de três minutos são descartados. Qualquer demora ao ar os programas causa irritação. Os artigos, textos e blogs devem ser curtos e sucintos, tudo tem que ser imediato.
Embora os recursos tecnológicos modernos propiciem enorme vantagem na obtenção do conhecimento, facilitando as pesquisas e a elaboração de trabalhos científicos, a realidade é que a maioria da população os utiliza apenas para diversão. Sem contar as intrigas, calúnias e difamações tão comuns nas redes sociais, principalmente nessa época de polarização política.
Por isso, caro leitor, parabéns se você conseguiu chegar até aqui. É sinal que ainda existe um pouco do modus vivendi da velha geração. Saudades da velha biblioteca.
O Tempora! O Mores!